Autores e leitores de grafitos de banheiro: Uma relação diferenciada
Algo que caracteriza os grafitos de
banheiro é a imprecisão do ato de se estabelecer quais seriam os seus prováveis
leitores. Tomando por parâmetro a perspectiva de Martins (2005), o que se pode
afirmar é que o seu conjunto de leitores:
[...] é flutuante, uma vez que seu
posicionamento no espaço faz com que seja acessível, aleatoriamente, a uma
diversidade indefinível de indivíduos. Temos então uma curiosa dinâmica
comunicativa entre texto e leitor [...]. (MARTINS, 2005, p. 29).
A dinâmica entre os autores e os leitores
de grafitos é curiosa, diferenciada, pois, por exemplo, quando um indivíduo
produz o grafito na porta do banheiro ele acaba “[...] obtendo cumplicidade às
vezes forçada de um leitor involuntário [...].” (BORDIN, 2005, p. 17).
Fonte: http://blogs.estadao.com.br/ricardo-chapola/files/2012/05/banheiro.png |
A involuntariedade se dá porque os
leitores só se deparam com os grafitos devido ao fato de que “[...] são ‘pegos
de surpresa’ pela necessidade fisiológica e não têm tempo de controlar os
intestinos ou a bexiga até chegar em casa, [...]” (BARBOSA, 1984, p. 73), se
vendo então obrigados a fazer o uso do banheiro.
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BARBOSA,
Gustavo. Grafitos de banheiro: A
literatura proibida. São Paulo: Brasiliense, 1984, 201 p.
BORDIN, Dagoberto José. Inscrições de si: da porta de banheiro
ao chat. 2005. 79f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Linguagem) -
Universidade do Sul de Santa Catarina, Palhoça. Disponível em:
<http://busca.unisul.br/pdf/79337_Dagoberto.
pdf >. Acesso em: 22 jun. 2011.
pdf >. Acesso em: 22 jun. 2011.
MARTINS, Bruno Guimarães. Tipografia popular: Potências do
ilegível na experiência do cotidiano. Belo Horizonte: UFMG, 2005. 105 p.
Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social,
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais,
Belo Horizonte, 2003.
Autora: Aline Matias.
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