Tumblr 'Galerias Marginais'






Recentemente, eu (Aline Matias) e minha colega Luana Alves, que administramos o projeto Grafitos de Banheiro, tomamos conhecimento do tumblr Galerias Marginais. Logo de início percebemos as proximidades com o projeto que desenvolvemos e ficamos felizes em saber que, além de nós, outras pessoas têm dado atenção aos grafitos de banheiro, uma prática de escrita bastante presente em nosso cotidiano, mas que ainda não tem recebido a devida atenção e acaba sendo, muitas vezes, marginalizada.

No que diz respeito ao tumblr Galerias Marginais, ele é administrado por Janderson Toth, aluno do curso de Estudos de Mídia da UFF (Universidade Federal Fluminense). Assim como eu e Luana, Janderson também tem desenvolvido um trabalho sobre os grafitos e criou o tumblr a fim de divulgar um trabalho de Sociologia e Comunicação que ele fez.

Conforme ele esclarece no próprio tumblr, o objetivo de seu projeto é o de reunir grafitos de banheiro de diversos locais: faculdades, escolas, rodoviárias e, até mesmo, barzinhos. Quem acompanha o projeto, também pode enviar imagens. Vale destacar que grande parte das imagens disponibilizadas foram feitas em banheiros masculinos dos blocos de aulas do Campus do Gragoatá da UFF.


No dia 15 de julho de 2014, Janderson entrou em contato conosco através de nossa página no Facebook e nos informou que poderíamos usar também as imagens que ele coletou e que se encontram disponíveis no tumblr dele.  Essa possibilidade nos deixou muito felizes, pois nos permite ampliar o acervo virtual que estamos construindo com imagens de grafitos em nosso tumblr Grafitos de Banheiro.

Se você acessar nosso tumblr agora, você já vai encontrar imagens cedidas pelo nosso mais novo colaborador Janderson Toth. Para acessá-las basta ir até a seção intitulada Imagens Enviadas de nosso tumblr. Não se esqueça de acessar também o tumblr Galerias Marginais!

Para maiores detalhes acesse:



Autora: Aline Matias.



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O banheiro da escola: as contradições de ambientes de proibições, experiências e descoberta

Que o banheiro é um espaço promotor de diferença não há duvidas. E essa separação não seria tão bem sucedida se não fosse ensinada desde a infância, onde com a simples explicação de que menino é diferente de menina faz-se com que meninos e meninas usem banheiros diferentes, gostem de brincadeiras diferentes, etc.
No artigo O banheiro da escola: as contradições de ambientes e proibições, experiências e descobertas, dois mestrandos da UFSC, Alex Nunes e Alessando Paulino, buscam justamente problematizar essa divisão dentro do ambiente escolar. Para isso, eles se utilizam de falas do cotidiano de alunos e funcionários de uma escola pública municipal do Sul de Minas Gerais.
Para os autores, a escola, que deveria ser um espaço de respeito às diferenças, acaba reforçando estigmas presentes em nossa sociedade. Por outro lado, as autoras percebem que mesmo este espaço sendo marcado por (re) pressões relativas a sexo e sexualidade, há por parte dos alunos uma resistência, transgressão a essa ordem.
Sendo do sexo masculino, os autores relembram um pouco do que era “fazer xixi” na época do colégio. Para eles, era um momento de extremo desconforto, pelo fato de haver outros colegas observando-os, através de olhares e até mesmo confrontos.
Procuramos estabelecer como objetivo deste trabalho descrever e problematizar alguns pontos que envolvem o banheiro escolar, observando aspectos sobre a sexualidade e as relações de gênero que o atravessam (NUNES, PAULINO, 2013, p.3)
Os autores consideram o espaço escolar como um espaço fundamental na formação moral de uma criança ou um adolescente, portanto, nada melhor que repensar e problematizar as ações que nele ocorrem, especialmente dentro dos espaços do banheiros.
Vejamos uma das falas:
Pergunta: - professora, posso ir ao banheiro com o João? Resposta: - Não!Vai um de cada vez. Porquê vocês querem ir juntos, o que vão fazer lá” (conversa entre uma professora e dois alunos do ensino fundamental-anos iniciais)
 Segundo os autores, a fala da professora revela o total despreparamento para tratar de questões acerca da sexualidade. Para eles, muitos professores acabam reforçando preconceitos, enquanto os alunos continuam a perceber neste espaço um escape para transgressão.
E concluem afirmando que o propósito do trabalho é “provocar diálogos que evidenciem as relações estabelecidas com e neste espaço”.

REFERÊNCIAS:


NUNES, Alex Ribeiro; PAULINO, Alessandro Garcia. O banheiro da escola: as contradições de ambientes de proibições, experiências e descoberta. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL FAZENDO GÊNERO 10, 2013. Florianópolis. Anais eletrônicos Florianópolis: UFSC 2013. Disponível em: < http://www.fazendogenero.ufsc.br/10/resources/anais/20/1384191625_ARQUIVO_AlexRibeiroNunes.pdf > Acesso em: 15 jul. 2014

Autora: Luana Alves

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Frases e trovas de banheiro antológicas






O texto de hoje do nosso blog visa bastante o entretenimento de nossos leitores, mas não deixa de lado o caráter informativo que sempre buscamos imprimir em textos anteriores. O foco principal que se estabelece para o presente texto é o de apresentar algumas das mais populares frases e trovas de banheiro.

Ao se deparar com os escritos nas portas das cabines de banheiros públicos, você já deve ter observado a recorrência de algumas frases e trovas. A recorrência de algumas é tamanha que elas acabam se tornando antológicas.

Uma das mais antológicas trovas de banheiro é a seguinte:


(1)             Neste lugar solitário
Onde a vaidade se apaga
Todo covarde faz força
Todo valente se caga.


De acordo com o estudioso Barbosa (1984), a trova acima revela uma ideia paradoxal, na medida em que mostra que o ato de defecar iguala todo mundo, mas também que, na extrema privacidade a que nos recolhemos dentro da cabine, nós nos diferenciamos uns dos outros. Isso porque:


[...] Ao fazer “aquilo que ninguém pode fazer em meu lugar”, a solidão do banheiro propicia um contato visceral com a minha dimensão de indivíduo. O próprio corpo, o próprio excremento, a realidade intransferível, pessoal. (BARBOSA, 1984, p. 69).


Além da trova citada anteriormente, há muitas outras frases e trovas de banheiro populares, clássicas. “[...] Repetidas em várias regiões do país, em banheiros públicos de todos os tipos, apresentam inúmeras variações [...]” (BARBOSA, 1984, p. 174). Em alguns sites da Internet, é possível encontrarmos listas repletas delas e algo que fica perceptível em uma primeira análise é que a maioria delas é de caráter escatológico e humorístico. Veja alguns clássicos exemplos:

                                          
                       (2) Aqui neste cantinho,
Onde a solidão é profunda,
A bosta bate na água
E a água bate na bunda.

(3) Cagar é a lei do mundo,
Cagar é a lei do universo,
E foi assim, cagando,
Que eu fiz esse verso.

(4) Cagar é uma arte estilo barroco.

(5) Sinta-se como um rei, afinal, você está no trono!

(6) O peido é o grito de liberdade da merda oprimida

(7) Não faça na vida o que você faz aqui dentro

(8) Enquanto você está cagando, tem um japonês estudando.

(9) Aqui termina toda obra de um grande cozinheiro.

(10) Olha só a cagada que você está fazendo.

(11) Aperte a descarga com força, pois o caminho até Brasília é bem longo.



Em um vídeo disponibilizado no Youtube, Mauro Felipe Ferreira de Cima cita 70 frases e trovas de portas de banheiro. Confira a seguir: 






Se você conhece alguma outra conhecida frase ou trova de banheiro que não tenha sido citada aqui ou no vídeo acima, sinta-se à vontade e a escreva na caixa de comentários que fica abaixo desse texto. Além disso, você pode nos enviar imagens com frases de banheiro através de nosso e-mail (grafitosdebanheiro@gmail.com) ou da seção de mensagens em nossa página no Facebook (https://www.facebook.com/grafitosdebanheiro). Posteriormente, essas imagens serão disponibilizadas em nosso Tumblr. Maiores informações sobre como realizar esse envio você encontra no link Participe do Projeto de nosso blog.  

Esperamos a sua colaboração ! :)


_____________________

REFERÊNCIAS:

BARBOSA, Gustavo. Grafitos de banheiro: A literatura proibida. São Paulo: Brasiliense, 1984, 201 p.

  

Autora: Aline Matias.


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Considerações semióticas acerca dos manuscritos de alunos realizados nas carteiras, na parede, nos cadernos: uma análise dos níveis de concretização


Quem acompanha o nosso blog sabe que o foco são os grafitos de banheiro. Entretanto, grafitos, de modo geral, acontecem em diversos locais (carteiras, muros, portas, etc.), mas, como aponta Barbosa (1984), o banheiro é um dos locais onde mais se produzem grafitos.
O texto de hoje irá discorrer acerca dos grafitos que acontecem não nos banheiros, mas nas carteiras escolares. Daiana Zanovello e Antonio Carlos de Souza, em Considerações semióticas acerca dos manuscritos de alunos realizados nas carteiras, na parede, nos cadernos: uma análise dos níveis de concretização, fazem um levantamento das diversas formas de grafitos deixados pelos alunos no espaço escolar, buscando também verificar, através da semiótica, o tipo de discurso (verbal/não verbal) que os alunos mais utilizam e o porquê.
Para isso, os autores tomam para análise grafitos feitos nas carteiras por alunos do 8º e 9° ano (7ª e 8ª série), da escola Estadual Reynaldo Massi (MS). De maneira semelhante ao que acontece nos grafitos de banheiro, os grafitos feitos por alunos nas carteiras apresentam "um discurso mais evasivo, já que nos momentos de fuga do contexto da aula que está sendo aplicada, o aluno se manifesta escrevendo nas carteiras, na capa do caderno [...] "(ZANOVELLO, SOUZA,2009 ,  p.2)

O trabalho está dividido em 4 partes. Na primeira parte os autores trazem conceitos importantes da semiótica (corrente teórica utilizada para análise do material) como signo, significado, linguagem e sentido. Na segunda parte, busca-se explicitar o conceito de texto dentro da semiótica, bem como a diferença entre texto verbal e não verbal. Na terceira parte, Zanovello e Souza abordam os conceitos de tematização e figuritização, conceitos chave neste trabalho. Basicamente, a tematização diz respeito ao sentido abstrato do texto, enquanto a figuritização àquilo que é concreto no mundo natural.
Por fim, na quarta parte os autores descrevem o material coletado. Embora a maioria dos grafitos seja vista em nossa sociedade como meros escritos sem sentido ou puro vandalismo, Zanovello e Souza, assim como nós, veem os grafitos como “uma importante fonte de pesquisa”. Nesta parte, os autores tomam para análise apenas os grafitos produzidos nas carteiras. Ainda que produzidos em um ambiente totalmente público, os grafitos das carteiras possuem um pouco do caráter privado que é traço marcante dos grafitos de banheiro, pois, geralmente, no momento em que um aluno ‘rabisca’ a carteira não é observado por ninguém (ou pelo menos por ninguém que o reprima). Continuando o paralelo entre essas duas manifestações dos grafitos, os “escritos escolares demonstram um canal pelo qual os alunos veiculam ideias, expressam fantasias e manifestam facetas de seu comportamento [...] (ZANOVELLO, SOUZA, Ano,  p.9), assim como acontece nos grafitos de banheiro. Os autores finalizam apresentando a análise semiótica de 6 textos de (grafitos) apresentando os supostos temas, como também motivação por trás de cada grafito.

Vale a pena conferir, basta clicar no link abaixo e boa leitura!



REFERÊNCIAS:

ZANOVELLO, Daiana Francisca; SOUZA, Antonio Carlos Santana de. Considerações semióticas acerca dos manuscritos de alunos realizados nas carteiras, nas paredes, nos cadernos: uma analise dos níveis de concretização. Página de Debate: questões de linguística e linguagem. Nova Andradina, n. 6, Jun.2009. Disponível em <http://www.linguisticaelinguagem.cepad.net.br/EDICOES/
06/Arquivos/7.1.pdf>. Acesso em: 30 jun. 2014




Autora: Luana Alves.



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