Grafitos de Banheiro em “Drama Universitário”


Capa da página do Facebook Drama Universitário


Na página do Facebook intitulada Drama Universitário e com uma abordagem humorística sobre a realidade vivida por universitários, o cartunista cearense e estudante da Universidade Federal do Ceará (UFC), Lucas Carvalho abre espaço para retratar, com muito humor, a tão recorrente produção de grafitos em banheiros de universidades. Em sua página, ele denomina o que chamamos de grafitos de "lindas poesias" num tom bastante irônico.

A partir de uma sugestão de um de seus seguidores na rede social, ele produziu o cartum abaixo: 


Cartum sobre os grafitos de banheiros no contexto da universidade



Após sua publicação no dia 22 de julho de 2013, a imagem gerou uma infinidade de comentários. Muitos deles correspondem a relatos de pessoas sobre suas próprias experiências de leitura ou escrita de grafitos. É possível observar que alguns apontam uma identificação com a reação do garoto do cartum, enquanto outros mostram que simplesmente se divertiram com os textos com os quais se depararam. Há comentários que chegam até a reproduzir alguns textos já lidos, como por exemplo: "A diferença entre cagar e dar a bunda é meramente vetorial""Sou o maior cagão da UFC, já caguei pra mais de trinta vezes nesse banheiro", "Seja bem vindo meu rei. Esse é o seu trono e eu já gozei nele", entre outros.

Nesse cartum, Lucas Carvalho ilustra bem o quanto os grafitos de banheiro estão presentes em nosso cotidiano (prova disso são os comentários ao post). Não apenas nos banheiros públicos de universidades, mas também de shoppings centers, escolas, bares, etc. Além disso, através dessa sua produção artística, ele contribui para que as pessoas discutam a questão dessa prática de escrita ainda marginalizada. 

Embora o olhar sobre o objeto e as discussões acerca deste não sejam científicos, constituem prova empírica da sua circulação e produção.


Autoras: Aline Matias e Luana Alves.


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Nós e os Grafitos de Banheiro



Quem nunca passou pela situação de ir a um banheiro público e, ao fechar a porta da cabine, se deparou com diversos escritos. Nas portas de banheiro é possível encontrar recados (alguns com número de telefone ou e-mail para contato); declarações de amor, de ódio; relatos de experiências sexuais; abordagem humorística ou filosófica de algum fato cotidiano; manifestação de posicionamentos contrários ou favoráveis a questões políticas, de orientação sexual, de ordem estudantil/acadêmica, de ordem religiosa, de ordem social. A porta de um banheiro público acaba se constituindo, então, em uma espécie de mural onde as mais diversas opiniões, declarações encontram seu lugar de expressão.

Assim como a maioria das pessoas, nós nos deparamos durante muito tempo com diversas portas, lemos diversos textos e já demos boas risadas com eles, mas nunca os levamos tão a sério. Até que fizemos, no ano de 2011, a disciplina denominada Gêneros textuais em Língua Portuguesa (LETC28), do curso de graduação em Letras Vernáculas, da Universidade Federal da Bahia.  Nessa disciplina, o professor Antonio Marcos Pereira (que, atualmente, é nosso orientador) propôs à turma um trabalho cujo objetivo era a descrição de um gênero textual.  Muitos foram os gêneros escolhidos e, um pouco que ingenuamente, sem nada conhecer a respeito, uma de nós pensou nos escritos de porta de banheiro, ainda que não tivesse a certeza de que eram de fato um gênero textual. Até então, eles eram um “tipo” de texto com o qual mantínhamos contato e nutríamos certa curiosidade. O professor apostou na ideia e nos encorajou nessa empreitada.

Para nossa surpresa, outros pesquisadores já haviam levado esses escritos a sério (como nas áreas de Psicologia, Geografia, Comunicação, Antropologia), embora na nossa área (Estudos do Texto e do Letramento) haja poucos estudos sobre eles. Tal fato tornou o nosso processo de caracterização do gênero textual ainda mais desafiador, mas não nos impediu de fazê-lo.

Atualmente, caminhamos com dois projetos desenvolvidos individualmente. O de Aline é o Letramentos vernaculares: O caso dos grafitos de banheiro na pesquisa brasileira, que é financiado pelo PIBIC/CNPq; e o de Luana é o Grafitos de banheiro: Análise comparativa de uma prática situada de letramento vernacular, financiado pelo PIBIC/UFBA. Mas, apesar desse caráter individual, eles dialogam constantemente entre si, tendo em vista que possuem como objeto comum de análise e reflexão os grafitos de banheiro. Além disso, eles integram um projeto de pesquisa maior, o Explorações metodológicas no estudo dos Letramentos Vernaculares (coordenado pelo pesquisador Antonio Marcos Pereira (UFBA)), que visa explorar algumas das facetas do universo dos letramentos vernaculares.  

O que você só via nas paredes, portas de banheiro, a partir de agora passará a ver também aqui no blog e em nosso Tumblr (grafitosdebanheiro.tumblr.com).  Traremos sempre informações diversas sobre essa prática de escrita tão recorrente em nossa sociedade e em outras.




Autoras: Aline Matias e Luana Alves

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It's All in the Head





Vasculhando o amplo universo da Web, à procura de informações sobre os grafitos de banheiro, eu encontrei o site It's All in the Head, idealizado e criado pelo fotógrafo e escritor americano Mark Ferem, em outubro de 1994. No site, ele expõe um pouco de um de seus projetos fotográficos, que está voltado para a documentação da escrita latrinália encontrada por ele em banheiros públicos de países como os Estados Unidos, Canadá e México.

Ferem considera que a parede do banheiro é o último grande meio de pura auto expressão. Ele se diz fascinado pela linguagem, pela cultura mimética que habita as paredes dos banheiros, as quais, para ele, se constituem em verdadeiras paisagens psicológicas.

Seu interesse pelos grafitos surgiu após viagens pela Europa e pelo México, onde encontrou em contato com manifestações de escrita produzidas por culturas antigas em paredes de pedra e passou a apreciar o ritual e a cultura da condição humana, como ele mesmo afirma.

Dentre as fotografias que compõem seu portfólio virtual estão essas a seguir:  






























Acesse www.itsallinthehead.com, veja mais imagens e saiba mais sobre o projeto de Mark Ferem, que se relaciona bastante com o meu projeto e o de Luana Alves, minha parceira de pesquisa.

Autora: Aline Matias.

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