Um discurso clandestino sobre sexo na escola

O trabalho intitulado Um discurso clandestino sobre sexo na escola, dissertação de mestrado na área de educação de Maristela Kellermann, busca fazer um mapeamento sobre o tema (sexualidade) através dos grafites/grafitos/escritos encontrados em banheiros masculinos e femininos do Colégio Municipal Pelotense. Pelo fato da sexualidade ainda ser um tabu em nosso sociedade, Kellermann tenta mapear um espaço onde esse tema pode ser abordado de forma anônima. 
Primeiramente, a autora fotografa as portas as portas de banheiros masculinos e femininos do Colégio Municipal Pelotense (total de 08 portas). Em seguida, apresenta o efeito que a escrita produz neste espaço.
Através das fotografias, autora tenta narrar aquele espaço sob o olhar do outro. Ela busca não o significado dos grafitos isoladamente, mas o significado dos grafitos naquele contexto, sua funcionalidade.
Penso os textos/desenhos/grafites das portas dos banheiros como dispositivos ou linhas de fuga em construção sabendo que os dispositivos continuam se modificando e se multiplicando, experimento visualizar como funcionam os discursos sobre sexo nas escolas. Tento descrevê-los em termos de suas operações poder/saber, das regras de controle dos corpos e os modos de subjetivação. (KELLERMANN, 2005, p.14)
No capítulo 6- Escrita menor- a autora destaca o movimento do texto ao se fixar na porta e a partir dali tornar-se autônomo, independente do sujeito que o grafou:

Os escritos/grafites ao serem impressos nas portas dos banheiros não pertencem mais ao escritor, o que fica são os seus resíduos de linguagem, sua duração, os rastros perduram produzindo efeitos. (KELLERMANN, 2005, p. 37-38)
Para Kellerman os grafitos de banheiro funcionam como agenciamento de desejo (conceito de Deleuze e Guattari). Ao deixar algo escrito na porta o sujeito deixa impresso desejos e também  desperta desejos em seus interlocutores.
No capítulo 7- Movimentos- Kellermann destaca a potência desses escritos que, ao serem deixados na porta, dialogam e interpelam não só aquele que também deixa algo escrito de volta, mas a qualquer um que ao se deparar com os escritos seja levado a rir, refletir, repudiar, etc.
E finaliza afirmando que:

Esta maneira de apresentar os deslocamentos dos sujeitos através da fotografia é uma forma de poder fazer este desenho do movimento dando um mapa sem sentido. Mostra-se o mapa e se faz dele o que quer, assim como este trabalho, o que fica é a potência que reverbera. (KELLERMANN, 2005, p.43)

Veja algumas fotografias que compõe este “ensaio” feito por Kellermann.

REFERÊNCIA: 

KELLERMANN, Maristela Schein. Um discurso clandestino sobre sexo na escola. 2005. 54 f. Dissertação (Mestrado em Educação)- Faculdade de Educação, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. 

Autora: Luana Alves

0 comentários:

Postar um comentário