Mural dos nomes impróprios







Publicado em 2005 pela editora 7 Letras, o livro Mural dos nomes impróprios: ensaio sobre grafito de banheiro tem Venus Brasileira Couy como autora.

Se a proposta do prefácio é a de que ele seja uma propaganda do livro, Mural dos nomes impróprios está bem servido com dois prefácios. O primeiro foi escrito por Angela Tôrres Lima e seu título é Na catedral do saber, a gênese impura da cultura. Já, o título do segundo é Os nomes impróprios do sexo e foi escrito por César Guimarães.  

Emitindo seu parecer sobre a obra de Couy (2005), Angela Tôrres Lima escreve:


Ao revisitar seu texto, trabalho de pesquisa sobre banheiros públicos, Venus Brasileira Couy, escritora-poeta, transforma o que poderia ter sido um relatório insípido em livro denso e inquietante.
Subvertendo a estatística exigida pela metodologia oficial e universitária, a autora relança os dados em uma jogada decisiva: introduz-se no escrito como sujeito, nele imprimindo a marca de seu desejo. Para livrar-se de antigos fantasmas, reescreve o texto que já portava, [...]. O academicismo bem comportado é deixado de lado e o diálogo oculto do desejo se revela no Mural dos nomes impróprios. (LIMA, 2005, p. 11).



Buscando compreender questões como Por que, afinal, escrevem-se grafitos?, Qual relação podemos estabelecer entre a sua produção e o curioso espaço do banheiro?, Couy (2005) instaura em seu livro uma hibridez entre o discurso acadêmico e o discurso ficcional. Nesse sentido, ela apresenta o resultado de sua pesquisa sobre grafitos de natureza erótico-pornográfica de uma forma diferenciada:


Pensando, [...], em uma maior interação entre os leitores e esta pesquisa, optei por uma apresentação mais criativa dos resultados: não um relatório, mas, sim, um livro, no qual textos ensaísticos e ficcionais juntamente com fotos dos banheiros, dos grafitos e de curiosas personagens, dialogam entre si. (COUY, 2005, p. 27).


O livro é composto por três partes. Na primeira são abordados, basicamente, temas como o espaço dos banheiros públicos; a longevidade histórica dos grafitos e a associação deles com o aspecto da sexualidade; a porta de banheiro como mural, como “uma arena, na qual diversos imaginários guerreiam”; a natureza residual da escrita dos grafitos. A segunda apresenta minicontos escritos pela autora, tomando-se por base os grafitos que ela coletou para a sua pesquisa. Segundo ela, nesse caso, “[...] os grafitos foram utilizados não apenas como objeto de reflexão e estudo, mas também como material para criação literária.” (COUY, 2005, p. 28). Já, na terceira parte são apresentadas breves informações sobre os dados coletados pela autora durante a sua pesquisa de campo, que se deu entre 1986 e 1988.  


Imagens fotográficas de banheiros públicos e grafitos aparecem ao longo de alguns dos textos. Elas foram registradas pela própria Couy durante suas visitas a banheiros femininos da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e ilustram o fato de que, mesmo em uma “[...] atmosfera onde a limpeza aparentemente impera, os grafitos de todas as formas, cores e tamanhos emergem e invadem rapidamente o espaço. [...]” (COUY, 2005, p. 32).


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COUY, Venus Brasileira. Mural dos nomes impróprios: ensaio sobre grafito de banheiro. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2005, 117 p.


Autora: Aline Matias.

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