Grafitos de banheiro em 'Pé na Cova'
Tem tudo, TUDO na porta
daquele banheiro: desenho pornográfico, frase de auto-ajuda, rabisco, ‘os
cambau’... Palavrão... Tem até um desenho meu com chifre!
(Fala de Russo (Miguel
Falabella/ Pé na Cova))
Este episódio (embora nada
científico) nos lembra das dificuldades com as quais nos deparamos no início do
nosso trabalho com os grafitos. Quando nos propomos a trabalhar com o grafito
utilizando o método etnográfico, observar o sujeito, bem como se dá a prática,
colocou-se como um obstáculo a ser vencido. Pensamos até em desistir da
etnografia, pois tal metodologia exige observação dos sujeitos em situações e
contextos específicos, e, em um segundo momento, essa observação pode ser
participante com aplicação de questionários. Mas percebemos que o objeto em si exigia de
nós uma adaptação do método, pois utilizá-lo à risca implicaria invasão da
privacidade do sujeito produtor, como também acabaria por descaracterizar tal
prática, visto que a condição do anonimato e a privacidade são uma das características
básicas do gênero. Assim como para
Santos (2012), para nós
[...] o entendimento de que
estudaria os grafitos sem necessariamente ter que abordar os
usuários de banheiro foi processual, até porque é bem difícil pensar
antropologicamente desprendendo a imagem das descrições físicas dos “nativos”,
que faz possível nominá-los e situá-los [...].
Se fôssemos utilizar o
método etnográfico seguindo todos os passos, inclusive a observação da prática
(interação com os sujeito), acabaríamos fazendo o que o Ruço fez. E, sendo isso
um crime na vida real (Constituição Federal, inciso X, art. 5°), nossa pesquisa
seria inviável.
A seguir, você confere o 6º episódio completo da série Pé na Cova :
Autora: Luana Alves.
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