O banheiro da escola: as contradições de ambientes de proibições, experiências e descoberta

Que o banheiro é um espaço promotor de diferença não há duvidas. E essa separação não seria tão bem sucedida se não fosse ensinada desde a infância, onde com a simples explicação de que menino é diferente de menina faz-se com que meninos e meninas usem banheiros diferentes, gostem de brincadeiras diferentes, etc.
No artigo O banheiro da escola: as contradições de ambientes e proibições, experiências e descobertas, dois mestrandos da UFSC, Alex Nunes e Alessando Paulino, buscam justamente problematizar essa divisão dentro do ambiente escolar. Para isso, eles se utilizam de falas do cotidiano de alunos e funcionários de uma escola pública municipal do Sul de Minas Gerais.
Para os autores, a escola, que deveria ser um espaço de respeito às diferenças, acaba reforçando estigmas presentes em nossa sociedade. Por outro lado, as autoras percebem que mesmo este espaço sendo marcado por (re) pressões relativas a sexo e sexualidade, há por parte dos alunos uma resistência, transgressão a essa ordem.
Sendo do sexo masculino, os autores relembram um pouco do que era “fazer xixi” na época do colégio. Para eles, era um momento de extremo desconforto, pelo fato de haver outros colegas observando-os, através de olhares e até mesmo confrontos.
Procuramos estabelecer como objetivo deste trabalho descrever e problematizar alguns pontos que envolvem o banheiro escolar, observando aspectos sobre a sexualidade e as relações de gênero que o atravessam (NUNES, PAULINO, 2013, p.3)
Os autores consideram o espaço escolar como um espaço fundamental na formação moral de uma criança ou um adolescente, portanto, nada melhor que repensar e problematizar as ações que nele ocorrem, especialmente dentro dos espaços do banheiros.
Vejamos uma das falas:
Pergunta: - professora, posso ir ao banheiro com o João? Resposta: - Não!Vai um de cada vez. Porquê vocês querem ir juntos, o que vão fazer lá” (conversa entre uma professora e dois alunos do ensino fundamental-anos iniciais)
 Segundo os autores, a fala da professora revela o total despreparamento para tratar de questões acerca da sexualidade. Para eles, muitos professores acabam reforçando preconceitos, enquanto os alunos continuam a perceber neste espaço um escape para transgressão.
E concluem afirmando que o propósito do trabalho é “provocar diálogos que evidenciem as relações estabelecidas com e neste espaço”.

REFERÊNCIAS:


NUNES, Alex Ribeiro; PAULINO, Alessandro Garcia. O banheiro da escola: as contradições de ambientes de proibições, experiências e descoberta. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL FAZENDO GÊNERO 10, 2013. Florianópolis. Anais eletrônicos Florianópolis: UFSC 2013. Disponível em: < http://www.fazendogenero.ufsc.br/10/resources/anais/20/1384191625_ARQUIVO_AlexRibeiroNunes.pdf > Acesso em: 15 jul. 2014

Autora: Luana Alves

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